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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O Planejamento Energético da Organização

A implantação de um sistema de gestão da energia requer método e disciplina por parte da organização e, sobretudo, de sua alta administração. A ânsia por resultados intempestivos, no curto-prazo, deve ser refreada, pois estamos falando, antes de qualquer coisa, de uma mudança cultural que deverá ser semeada individualmente entre os membros da organização. A nova cultura deverá ser, assim, internalizada por cada membro para, então, propagá-la em suas atividades profissionais, bem como junto aos seus familiares, criando uma consciência coletiva que permitirá à organização obter ganhos de escala em produtividade e eficiência. Tal mudança não é possível de ser alcançada sem planejamento e, dessa forma, o planejamento energético constitui-se em uma das etapas mais importantes na implantação do sistema de gestão da energia.


O planejamento energético deverá compilar em um único documento o conjunto de dados e informações sobre os processos, máquinas, equipamentos e usos finais das várias formas de energia pela organização, fornecendo um raio X que permitirá, através de sua análise, propor ações de melhoria e otimização do seu desempenho energético. Dentre as informações e dados que deverão ser contemplados no planejamento energético citam-se: a legislação e normas técnicas aplicáveis, bem como os demais requisitos aos quais a organização esteja subordinada no tocante aos insumos energéticos utilizados; o perfil energético das instalações e dos usos das formas de energia; os parâmetros-base para referência futura dos diversos usos da energia em seus processos e instalações; a cesta de indicadores energéticos selecionados para monitoramento dos resultados; os objetivos e metas tangíveis e quantificáveis estabelecidos para a melhoria do desempenho energético e o plano de ação elaborado para o seu cumprimento.

Com relação aos aspectos legais e demais requisitos aos quais a organização encontra-se subordinada em razão dos diversos usos da energia em seus processos e instalações, o planejamento energético deve assegurar que estes foram devidamente contemplados no estabelecimento, na implantação e na manutenção do sistema de gestão da energia. Já o diagnóstico energético deve promover uma análise dos usos da energia a partir do registro de parâmetros medidos e/ou estimados, identificando as atuais fontes energéticas, bem como fornecer uma avaliação dos usos das energias e de seu consumo, correlacionando passado versus presente e estimando os usos e consumos futuros. De posse dessas informações, é possível, assim, identificar as instalações, equipamentos, sistemas e/ou o comportamento de colaboradores, além de outras variáveis relevantes, que afetem significativamente o uso ou o consumo dos insumos energéticos. É, ainda, facilmente quantificável o desempenho energético atual dessas instalações, equipamentos, sistemas e processos e a sua relevância em termos de uso e consumo energético para a organização.

O diagnóstico energético deve, também, identificar, priorizar e registrar todas as oportunidades para a otimização do desempenho energético da organização, inclusive, onde aplicável, as fontes energéticas potenciais e a possibilidade de utilização de energias alternativas e o uso de fontes energéticas renováveis. Por sua relevância para o planejamento energético, o diagnóstico energético deve ser, necessariamente, elaborado, registrado e mantido pela organização, assim como atualizado em intervalos regulares de tempo ou sempre que sejam implementadas grandes mudanças nas instalações, equipamentos, sistemas ou processos.

A avaliação dos resultados alcançados com as ações de otimização do desempenho energético apenas será possível se houver um conjunto de parâmetros-base para referência dos usos e consumos energéticos em momento ulterior à sua implementação. Dessa forma, o planejamento energético não pode prescindir de tal informação e, tampouco, pode abster-se de acompanhá-la e registrá-la em uma linha do tempo, correlacionando-a com cada ação executada. Para tanto, um conjunto de indicadores de performance deve, ainda, ser identificado para monitoramento e medição do desempenho energético.

Por fim, o planejamento energético deve estabelecer objetivos e metas consistentes com a política energética, que sejam, ainda, tangíveis e quantificáveis através de medições. O plano de ação deve ser consistente com os objetivos e metas e apresentar, de forma clara e objetiva, a designação de responsabilidades, os prazos e meios a serem empregados para o cumprimento individual das metas, a forma como a melhora no desempenho energético será verificada e o método a ser empregado para a verificação dos resultados.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A Política Energética da Organização

O primeiro passo na implantação de um sistema de gestão da energia é estabelecer, juntamente com os limites da abrangência do projeto, a política energética que norteará os esforços de toda a organização em prol de um objetivo em comum, qual seja a busca incessante pela otimização energética em seus processos e usos finais. Tal política deve, dessa forma, estabelecer com clareza o compromisso da organização com a melhoria contínua do seu desempenho energético e deve contar com o apoio irrestrito da alta administração, que se responsabilizará por canalizar todos os esforços necessários para que esta seja, efetivamente, implementada.

Na definição da política energética alguns cuidados devem ser tomados pela alta administração, pois devem se certificar que a política energética estabelecida é apropriada à natureza, escala e impacto dos usos finais dos insumos energéticos pela organização, que contempla o seu compromisso para a melhoria contínua do seu desempenho energético e em assegurar a disponibilidade das informações e dos recursos necessários ao cumprimento das metas e objetivos estabelecidos, bem como seu compromisso com o cumprimento de toda a legislação e normas técnicas aplicáveis e quaisquer outros requisitos técnicos e/ou legais aos quais a organização esteja subscrita, no que se refere ao uso das diversas formas de energia ao longo de seus processos.

A política energética, para ser útil e válida para a organização, deve, assim, prover um meio no qual seja possível estabelecer e rever as metas e objetivos energéticos. Para tanto, deve estar devidamente documentada e amplamente divulgada, assim como deve ser, ainda, facilmente compreendida por todos os membros da organização, e não apenas por um seleto grupo. Por fim, a política energética deve privilegiar a aquisição de produtos e serviços energeticamente eficientes, iniciando um movimento de atualização tecnológica dos processos e das máquinas e de uma mudança de cultura na organização e em seus membros individualmente, esta segunda parte bem mais difícil de ser alcançada.

Como facilmente pode ser observado, a política energética deve ser, antes de qualquer coisa, uma ferramenta que direcionará a organização para um patamar de excelência superior em termos de eficiência energética, podendo ser considerada, de certa forma, um organismo vivo, em constante metamorfose e atualização, de maneira que deve ser regularmente revisada e atualizada sempre que a alta direção entender como necessário.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O papel do Gestor de Energia

O sucesso na implantação de qualquer sistema de gestão está relacionado, principalmente, com um alto nível de comprometimento da alta direção da empresa, com a sua capacidade de comunicar e compartilhar sua visão estratégica com os demais níveis da hierarquia, e, ainda, com a seleção de um profissional competente e tecnicamente qualificado para o gerenciamento do projeto.

Assim, o processo de implantação de um sistema de gerenciamento da energia em muito se assemelha com qualquer outro sistema de gestão. Cabe à alta direção a responsabilidade de motivar sua equipe, delegando poderes específicos e disponibilizando os recursos necessários, além de traçar os objetivos estratégicos do projeto e acompanhar os resultados obtidos. Do profissional designado para a gestão do sistema de gerenciamento da energia espera-se que este demonstre, além de perseverança e capacidade de canalizar os esforços da organização no que diz respeito à racionalização de consumos e gestão eficiente da energia, uma preocupação diária com os custos energéticos e a forma como a energia é consumida na empresa, de sorte a mais facilmente encontrar soluções que conduzam a um melhor comportamento energético. Para tanto, é imprescindível que tal profissional conheça, com profundidade e rigor, as razões dos consumos de energia na sua empresa, onde e como é consumida e os respectivos custos, além das normas técnicas e legislação aplicável aos principais insumos energéticos.

A principal responsabilidade do gestor de energia é elaborar e implementar o plano anual de energia, onde deverão ser definidos os objetivos e metas a atingir, bem como os meios necessários, de comum acordo com seus pares e com o respaldo da alta direção. Este profissional estará, ainda, na coordenação da equipe de gestão de energia, grupo multifuncional de colaboradores detentores do conhecimento técnico dos diversos saberes associados aos processos desenvolvidos na empresa, tanto de natureza produtiva, mas, também, comercial e administrativa. Em empresas maiores, a equipe de gestão de energia é composta pelos próprios responsáveis por cada uma das áreas de gestão na qual a organização encontra-se segmentada, facilitando, assim, a identificação das necessidades energéticas e formas de consumo da energia, bem como dos possíveis “pontos problema”, tornando, também, mais eficaz a tomada de decisões e a disseminação interna de tais questões.

Uma vez definida a equipe de gestão de energia, deverá o gestor de energia buscar caracterizar o fluxo de informação dos dados sobre energia na empresa. O sistema de contabilidade energética da empresa é uma ferramenta fundamental para o controle efetivo dos consumos de energia e respectiva racionalização dos custos, sendo primordial assegurar que a informação seja fornecida corretamente, em prazo hábil e ao colaborador adequado, para uma possível tomada de decisão.

Como toda empresa possui uma preocupação de otimização de seus recursos, sobretudo humanos, a posição de gestor de energia pode ser exercida de forma cumulativa com outras funções na organização, desde que estas não prejudiquem o desempenho do profissional. É imprescindível, porém, que tal profissional seja reconhecidamente um especialista no assunto, que seja hierarquicamente compatível com os pares que comporão a equipe de gestão da energia e que responda diretamente à alta direção, de forma a assegurar um bom desempenho em suas funções.

Provavelmente, o maior desafio a ser superado pelo gestor de energia será lidar com as vaidades pessoais de cada gestor de área da organização e modificar algumas culturas e posturas arraigadas através da conscientização de cada colaborador acerca da relevância de algumas ações simples e isoladas, como apagar as luzes dos recintos vazios ou desligar equipamentos de ar condicionado durante o horário de almoço. Certo é que necessitará de muita diplomacia, perseverança e capacidade de mobilização.

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